O receio dos consumidores de encontrar, depois da Páscoa, ovos de chocolate quebrados e somente marcas desconhecidas nas prateleiras, não se confirmou num ano de agravamento da crise econômica. Quem foi ao comércio ontem encontrou prateleiras lotadas em lojas do segmento para todo tipo de cliente em Belo Horizonte. Foi como se a data comemorativa não houvesse passado. Ainda era possível comprar os melhores chocolates 40% mais baratos. Preocupados com o cenário, comerciantes apostam nas promoções para desovar o que sobrou e reduzir os prejuízos. As estratégias passam por redução de preços e a venda sem margens.
“Foi a pior Páscoa na minha história”, lamenta o dono do Rei do Chocolate, Maronildo Carvalho. Há 39 anos no mercado em BH, sendo uma das primeiras lojas no segmento na capital, a Rei do Chocolate registrou, em comparação com o ano passado, queda de 60% no volume de vendas das quatro unidades espalhadas na cidade. Como consequência, as lojas ficaram lotadas de ovos de todas as marcas.
O comerciante estima sobra de 30% dos ovos oferecidos e não viu outra opção a não ser a venda a preço de custo da vedete da Páscoa. “Não tenho escolha. Antigamente, o que sobrava de chocolate depois da data comemorativa, era insignificante. Tanto era assim que o consumidor vinha aqui e não achava a marca que queria. Mas, agora, sobrou tudo. E não sei como vai ser”, lamenta.
Maronildo ressalta que os fornecedores não aceitam a devolução dos produtos e que não há saída para o produto estocado. Um ovo de 300g Kit Kat, que custava R$ 64,90, passou a ser vendido na loja por R$ 39,90. A marca Serenata de Amor, que custava R$ 42,90, agora está sendo a oferecida a R$ 24,90. “A culpa disso é a crise da economia; ninguém está comprando nada. E, mesmo ciente da situação econômica do país, a indústria do chocolate não colabora e manteve os preços altos para os ovos”, reclama.
No início do mês, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) alertou que a Páscoa deste ano seria a mais cara dos últimos 13 anos, a Páscoa da crise. Isso porque, segundo a entidade, houve uma variação média de preços de 13,6% em relação ao ano passado e, com isso, o temor era de que os consumidores sumissem das lojas. A expectativa era de que as vendas no período caíssem 3,4% em relação à mesma época de 2015, sendo a maior queda dos últimos 12 anos. Como justificativa para o aumento dos produtos, a entidade apontou que a importação aumentou em quase 20% em relação ao ano passado, com a alta do dólar.
Enquanto os lojistas lamentam, os consumidores comemoram. Com as lojas tranquilas e larga disponibilidade de ovos nas prateleiras, a representante comercial Daniela Ribeiro comprou, ontem, o ovo Classic, da Cacau Show, por R$ 36,90. O produto é um dos mais procurados na loja. “Este ano não comprei chocolate para ninguém, mas como recebi quis retribuir. E estou achando os preços bons”, comentou Daniela, reconhecendo que, antigamente, procurar ovo depois da Páscoa depois da data era arriscado. “Este que estou levando está intacto e tem bom preço”, comentou.
De acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio – Páscoa 2016, durante a semana passada, entre 21 e 27 de março, as vendas no país recuaram 9,6% na comparação com a mesma semana do ano passado (30 de março a 5 de abril de 2015). Foi o pior desempenho desde o início da série histórica, em 2007.
Fonte: Estado de Minas
Postado por: Rosana GuimaraesRosana Guimaraes